quinta-feira, 5 de julho de 2007

Isto nasceu de uma aula de teatro particularmente engraçada porque, ao ouvir uma música, tínhamos que escrever algo em dez minutos.

Um homem, só, sentado num bar, em frente a um copo. Nada mais importa senão o próximo copo. A vida é demasiado insuportável para ser encarada com mais do que pura apatia. Desprezo total. Afoga o seu desespero naquele movimento contínuo, desprovido de paixão.
Uma mulher entra em cena, também ela derrotada, uma velha de vinte anos. A droga roubou-lhe todo o orgulho, toda a integridade.
De repente, uma cortina ao fundo do palco deixa ver um espelho, que apresenta as duas personagens a nu, desprovidas de sentido nas suas vidas.
Ao mesmo tempo, os dois apercebem-se do vazio. No entanto, não há nada mais que os impressione, que os surpreenda. Contra todas as expectativas, não resta qualquer vergonha, nem isso sequer.
Como nem a mulher nem o homem tomam consciência da rua ruptura, a sociedade fá-lo por eles e o espelho estilhaça-se.

1 comentário:

AnCaLaGoN disse...

Uiiiiii, que musica isso deve ter sido.

Gostava de a ouvir, lembra-me um conto que escrevi, tambem a pensar numa musica que ouvi, a "Piano Man" do Billy Joel, o tema anda lá perto, muito perto.