O Filho gira no útero da Mãe, uma barriga dobrando ao ritmo da música, com ela, dentro dela, em sincronia de movimentos, dançando a dança de Shiva. Dois corações batem em uníssono, contrariando as leis da física, partículas distintas, um só núcleo de existência, dançando a dança de Shiva. A Natureza é tocada pelas suas crias, palmilhando o seu corpo de terra, as suas raízes, os seus rios, sangue nos seus ouvidos, estalando os músculos ágeis, atrás das presas, dançando a dança de Shiva. Uma borboleta agita as suas minúsculas asas, num outro ponto do planeta ciciando, rolando ventos sem fim, provocando estrondosos tufões, dançando a dança de Shiva.
E Shiva congratula-se, balançando ao som da dança da Luz.
O Homem sangra, amargando como um fruto maduro, tornando-se Sábio, compondo Brahman, dançando a dança de Shiva. As estrelas morrem no firmamento, explodindo, brilhando, cantando a História do Universo, dançando a dança de Shiva. Rios de lava e de dor transpiram nos corpos dançantes, bebidos pelo solo sedento, salivando, arrotando, cadáveres definhando, dançando a dança de Shiva. Formigas caem no abismo, sacrifício, pisadas pelas precedentes, bailando a canção, perdurando, dançando a dança de Shiva.
E Shiva congratula-se, balançando ao som da dança das Trevas.
Shiva dança a paz, a raiva, o desejo, a brandura, a competição, a penitência, a brusquidão, a honra, o ciúme, a solidão, a unidade, o desprezo, a surpresa. A alma de Shiva ri e escarnece dele, movendo os seus pés descalços, garantindo a imunidade de Shiva,
queimando
e
renovando-se,
Imortalidade,
dançando a dança de Shiva.
segunda-feira, 23 de julho de 2007
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