Este foi um texto dramático muito curto que esteve em cena em 2006 e que escrevi a partir de uma crónica de António Lobo Antunes quando tive aulas de Teatro com o grande professor Duarte de quem tenho muitas saudades, aqui vai um beijinho para ele.
Eu, só, de pé, vestida de branco, com uma ligadura na cabeça
- Chiiiiiuuuu...
(Ponho a mão atrás da orelha)
- Não ouvem? Carros a serem engolidos pela noite?
(Falo apressadamente)
- Para onde vão? Será que olham para trás? Não! De onde vêm? Não é mais importante? Não é o futuro criado pelo passado?
(Respiro fundo)
- Gozam eles a riqueza do silêncio?
(Viro-me para o público)
- Gozam vocês?
(Sento-me)
- Afinal, vimos todos de algum lado...Só nós sabemos de onde...
(Tiro o calçado, cai areia. Levanto-me, rodopio em frente ao espelho.)
- Temos que aprender a escutar o silêncio.
(Começo a desenrolar a ligadura, devagar. Por baixo, não há ferida alguma. Sorrio.)
- Por isso, não te preocupes comigo...
(Desafio)
- Chiiiiuuu.... Não é maravilhoso?
quinta-feira, 5 de julho de 2007
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