quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Hoje dei por mim a pensar na inevitável deixa «no fundo, todos acreditamos em contos de fadas». Alguém está a falar de algo e logo se impõe – por vezes, nem é preciso alguém dizê-lo – essa convicção de que o ser humano é frágil e está impregnado de emoções que precisam de ser partilhadas. Como se o mundo se regesse por pequenas regras. Como se a intimidade não aconselhasse o melhor ouvinte a esperar pelo momento certo para se mostrar, em todo o seu esplendor.
Quando menos se espera, esse sentimento infiltra-se a pouco e pouco, pairando no ar, enrolando pessoas e afins numa grande bola de drama que deixa alguns pobres coitados sem saber o que dizer e o que fazer com o momento constrangedor...
Para ser realista, tenho que admitir que me interesso e esqueço. Não é preciso bater a mão no peito por causa disso. Não há nada digno de piedade no ser humano. A piedade desqualifica uma pessoa, retira-lhe qualidades. Descaracteriza alguém rico em complexidades. Mais do que isso, a piedade distorce e reduz o objecto a um nada repelente.
Uma das coisas mais interessantes que tenho vindo a descobrir é que é importante saber perder. É importante perceber quando já não há mais nada a ser feito e não adianta cansar uma mente torturada. É importante admitir quando não está nas nossas mãos.
O melhor conselho que recebi até hoje em verdadeira crise foi deixarem-me em paz. Gritar, pensar, dormir sobre o assunto. Sem palmadinhas nem frases feitas nem contos de fadas.

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