quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Casa zangada

Estou tão cansada desta cara descrente que guardo para ti quando fazes esse sorriso enjoativo ao nosso diálogo esburacado. Que expressão retorcida... Não a reconheço.
Calando pensamentos contraditórios, fica muito pouco para dizer. E olha para as nossas caras coniventes, hesitantes, paranóicas!
Trocamos palavras amáveis baixinho. Comemos à mesma mesa, educadas. Foste sair com este frio? Se quiseres, não tempero a salada. Não gosto de fígado. Se calhar era melhor perguntares-lhe o que ele pensa sobre o assunto.
Sublinhamos o facto evidente de sermos preto e branco com silêncios ressentidos. Que seria mais penoso que sorrir a esta casa zangada?
Não sorrias, hipócrita. Celebra as nossas diferenças. Despreza o tecto a que somos obrigadas. Grita-me as nossas desavenças. Não escondas que os nossos caminhos se cruzaram por engano. Sê louca e ri-te de mim. Devolve-me um olhar mais frio do que o meu. Acorda para a raiva, odeia-me.
Aí poderei sorrir
. Que alívio.

1 comentário:

Mãe disse...

Poderoso!

Quanta frontalidade contida...

É urgente gritar.

Adoro-te.

M.